quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

DO PADRE

Padre Eurípides já se impacientava. Os olhos passeavam pelas linhas da Bíblia, escorregando rumo a discreta porta lateral da capela e de lá para o relógio. Já fazia um quarto de hora que aguardava pela chegada de Eulálio.
- Ó senhor!
Depositou o livro sobre as coxas. A mão direita tateou, até achar o terço que repousava, desengonçado, sobre o comprido banco de madeira. Fechou os olhos e começou a murmurar alguma coisa, enquanto os dedos alisavam as contas do sagrado cordão. A porta lateral rangeu. Padre Eurípides se levantou com um salto. A Bíblia caiu.
-A pontualidade é uma virtude muito apreciada- repreendeu o sacerdote, com ar severo.
-Desculpe, padre. Mamãe demorou a dormir.
-Não tem problema.- Estudou o rapaz de cima a baixo.- Venha.- Pediu com delicadeza, estendendo os braços.
-Padre...
-Xxxiiiii... Não diga nada. Não é hora de falar- murmurou o padre, apertando Eulálio contra o corpo.- Porque demorou tanto?
-Mamãe...
-Xxxiiiii... Não fale. Não fale-apoiou a cabeça no ombro de sua querida tentação, tentando capturar todo frescor juvenil que exalava de seu pescoço. A voz estremeceu, embriagada pelo prazer. - Vamos para o altar.
-No altar?
-Não seja bobo- sorriu, segurando a mão de Eulálio.- Vem.
Chegando no último degrau pôs-se de quatro, descobrindo as nádegas brancas.
-Vem, Eulálio! Vem!
Eulálio desviou o olhar. Deparou-se com o cristo crucificado.
-Vem, Eulálio! Vem!
Eulálio pousou as mãos tremulas sobre as nádegas flácidas do padre.
-Vem! Vem!- Padre Eurípides virou a cabeça, fitando seu objeto de desejo. A suplica em seus olhos lhe dava um ar infantil.
-Ai, padre....
-Vem! Anda! Vem!
Eulálio abriu rapidamente o fechecler, descendo a causa até os joelhos. O membro, já meio endurecido, penetrou sem dificuldade no sacrossanto orifício. Padre Eurípides foi sacudido por bizarros frenesis. Começou a recordar os tempos de seminário. Do padre Francis. De como esse rigoroso mestre o introduziu nos mistérios da fé.
-Ah...Padre Fran

POR: Fabio da Silva Barbosa