quinta-feira, 14 de maio de 2009

ATENTADO A BOMBA COMPLETA 3 ANOS

Há três anos, na região de Dourados, os ruralistas promoviam grandes manifestações. Tratores e colheitadeiras ocuparam os canteiros centrais da cidade, e, em frente à Agenfa, se posicionou a coordenação do movimento, formada pelas lideranças. Camionetes de cabine dupla remontavam por cima do meio-fio, e, à força, as lideranças queriam que as pessoas não adentrassem àquela repartição pública. E a baderna continuou por semanas, inclusive ameaçando a sociedade com desabastecimento. Um grupo, notadamente alcoolizado, invadiu o Sindicato dos Bancários, e, com palavras de baixo calão, tentou intimidar lideranças sindicais e autoridades ali presentes. Na tarde de 14 de maio de 2006, Dia das Mães, o escritor Brígido Ibanhes fez publicar um artigo no Dourados News (O Grande Circo Político dos Agricultores), onde, reconhecendo em parte as razões, criticava a truculência dos ruralistas, e denunciava que o movimento era político-partidário. Brígido foi fiscal do Banco do Brasil por muitos anos, e sempre lutou em benefício dos pequenos e médios agricultores, e afirma que, entre os graúdos, têm alguns que só querem a verba do governo para gastos supérfluos, e que não se incomodam em ficar devendo, pois, amanhã ou depois, com a ajuda de algum político, dão um jeitinho. O artigo foi publicado no domingo (Dia das Mães), à tarde. Quando foi à noite, uma bomba (coquetel molotov) de alto poder destrutivo, explode na sala da sua casa, onde o escritor e sua esposa assistiam a tevê. Ambos sofreram queimaduras graves. No dia seguinte (segunda-feira), o deputado Zé Teixeira fez publicar um artigo em vários jornais, em que, ao invés de explicar as irregularidades citadas pelo escritor, passa a atacá-lo, tentando desmoralizá-lo. O inquérito policial instaurado para apurar o atentado, não chega a conclusão algum, por falta de interesse das autoridades, e o terrorista do Dia das Mães continua solto.

O ARTIGO: O grande circo político dos agricultores
Brígido Ibanhes
O que deveria ser um movimento legítimo de reivindicações, acabou se transformando num palanque para pretensos políticos de oposição ao Partido dos Trabalhadores. Basta ver o que se escreveu na porta da Agenfa de Dourados: “Fora PT”. Não disseram “Fora Lula”, que representa o governo, mas fora ao PT. Algumas lideranças, na ânsia de se promoverem, com vistas aos próximos pleitos eleitorais, armaram um grande circo aqui em Dourados.
Por longos anos fui fiscal do Banco do Brasil, e nunca vi uma classe que chora tanto. Era uma choradeira nos meus ouvidos quando fazia as vistorias. A lavoura poderia estar com ótima produtividade, mas sempre eles acham alguma coisa para chorar: é o preço que não está bom; são as dívidas nos bancos; etc.etc. No entanto, quando ia verificar, o sujeito estava de carro importado novo, ia passar férias nas praias badaladas, etc. Em conluio com políticos, roubaram tanto que acabaram com o Proagro, que era o seguro agrícola. Isso não é regra geral, mas, principalmente os grandes lavoureiros.
Hoje vejo que não eles mudaram nada. Nem se importam com as outras classes que compõem a sociedade, além de não terem o mínimo respeito pelas coisas públicas e pelas pessoas. Para eles, os índios, os sem-terras, os miseráveis, podem morrer de fome que não estão nem aí. Isso ficou claro no discurso de um dos tais líderes no Sindicato dos Bancários.
O Governo Federal, considerando que a agricultura, não exatamente as grandes monoculturas, é um dos baluartes da economia, vem liberando recursos, mais de bilhões, para amenizar a crise do campo. Mas, eles não estão satisfeitos aqui em Dourados. Outro pretenso líder já declarou que seriam necessários mais de 30 bilhões para solucionar os seus problemas, isto é, continuar dando boa vida aos maus administradores da agricultura. Quando a safra é boa, não se preocupam em fazer uma poupança para se acudir nos maus tempos. É sempre assim, é mais fácil pressionar o governo.
É verdade que o dólar caiu e trouxe para baixo o preço de comércio internacional da soja; é verdade que o clima não tem colaborado muito, isso até em função do desmatamento para se plantar essas mesmas lavouras; tudo isso a sociedade entende. Só não entende como um movimento legítimo de uma classe se transformou numa anarquia, onde tudo é válido: ofender os outros, tripudiar nas autoridades e, principalmente, coagir a população com ameaças de desabastecimento. Fica claro o movimento político por trás, até porque, aqui em Dourados, os produtores vieram a reboque de um movimento político que se denomina “Moraliza Brasil”.
Infelizmente a sociedade vai sofrer pela anarquia de algumas lideranças dos agricultores. O que poderia ser um movimento sério se transformou em arruaças de baderneiros com chapéu de couro...

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