sexta-feira, 16 de abril de 2010

A LENDA DA RAPOSA QUE VIGIAVA O GALINHEIRO

O carcereiro Montanha era o cara mais perverso que existia na penitenciaria. Nenhum bandido, por pior que fosse, era comparado a sua crueldade. Não se sabe como, ou porque, ele havia conseguido o que sempre quis. Fora transferido para a instituição responsável por menores infratores. Um prédio velho e decrépito, onde os menores eram amontoados. Ficavam a maior parte do dia pelo pátio. Montanha parecia estar no parque de diversões. Deu uma boa olhada em volta. Lambeu os lábios. Os olhos brilharam quando avistou o recém chegado. Era pequenino. Não devia ter mais de 14.
- Que confusão é essa aí? Que merda essa? – Gritava enquanto caminhava a passos largos rumo aos garotos que estavam implicando com o novato.
Os garotos abaixaram a cabeça e saíram de perto. Montanha se dirigiu ao pequeno alvo de seus desejos. A boca salivava.
- Como é garoto? É novo aqui?
O menino, com um pequeno gesto de cabeça, disse que sim.
- Eu também. Comecei hoje. - Sorriu o gigante dando uma discreta olhada em volta para ver se era observado.
Aquele frio na barriga, o coração que disparava, a sensação de euforia, o órgão que já saltava dando sinais de vida. Montanha, de personalidade agressiva, se derretia por garotos mais novos Principalmente aqueles na puberdade, sua fissura era grande, pois na infância havia sido molestado por um amigo próximo da família. Isso o conformava.
- Daqui pra frente vou cuidar de você. - Disse Montanha com ar paternal.
O pequeno olhou desconfiado.
- Em meia hora te encontro no pátio de trás. - O gigante foi andando a esmo, sem esperar a resposta da vítima.
Quarenta minutos depois, o menino apareceu no local combinado. Quando começou a procurar, foi atingido por um forte soco no rosto. Caiu de imediato. Piscou os olhos e virou para cima. Era Montanha.
- Filha da puta. Eu disse meia hora. Não tem relógio?
- Não
- Cala a boca viadinho. Tá pensando o que? Que tenho o dia todo? Vem cá. Dá uma mamada aqui. - Montanha sempre foi um cara estranho, seu fascínio por menores era doentio. Já pensara em suicídio. As fantasias o controlavam ao extremo.
Terminado o "serviço", o garoto lembrou-se da rua, onde já havia sido submetido a estes tipos de abusos. A cabeça começou a girar à medida que via seu "protetor" se afastar. Caiu e tudo apagou. Acordou na Enfermaria. Olhou em volta e viu uns poucos leitos vazios a sua volta. A memória estava confusa. A porta se abriu. Dela surgiu o agressor. Virou o rosto para a parede. No canto um cartaz dizia: "Aqui o governo cultiva um futuro melhor para nossas crianças."


POR: Evandro Santos Pinheiro
Fabio da Silva Barbosa

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