quarta-feira, 16 de junho de 2010

BULLYING NA ESCOLA

Carlinhos mal dormiu durante a noite. Sabia que o tormento iria recomeçar. Era a volta as aulas. Quando estava saindo de casa, a mãe o chamou. Ajeitou a camisa para dentro da calça e passou a mão em seus cabelos.
- Vai bonitinho para aula. Carlinhos não queria ir bonitinho, nem feio. Não queria voltar para aquele inferno. Olhou para a mãe como quem pedia ajuda. A mãe não entendeu.
- Vamos menino. Que foi? Tá virando pedra?
- Não. - Murmurou dando meia volta e caminhando para o portão.
A poucos passos do colégio, encontrou os "colegas". Justamente Pedro, o filho da professora, e sua turma. Pedro se sentia a última bolachinha do pacote e zoava com todos da classe, principalmente com Carlinhos, por ser gordo e de família pobre. Ao se aproximar de Carlinhos, Pedro lhe deu um empurrão que o derrubou. Quando ia levantar, levou uma rasteira. A gargalhada foi geral.
- Que houve moleque? Não consegue ficar em pé? - Falou um.
- O nojentinho não consegue andar. - Complementou uma das meninas que faziam parte da galera
- Para com isso. Não gosto desse tipo de brincadeira. - Reclamou Carlinhos.
- Iiiiiiiiiiiiiiiii... O feioso tá querendo bancar o valente. - Zombou Pedro.
Quando, de longe, avistaram a inspetora do colégio se aproximar e gritar tentaram disfarçar:
- Todos pra dentro! - Gritou ela
Era visível o desconforto do garoto. Constantemente açoitado pelos colegas, tentava entender o que havia de errado com ele. As ditas brincadeiras iam deixando Carlinhos cada vez mais isolado e reprimido. Sentia-se o pior dos seres. Os insultos, piadas ao seu respeito e as humilhações em publico, faziam com que ficasse mais agressivo em casa. Os pais não entendiam.
- Não sei o que está acontecendo com esse garoto. Cada dia piora. Ooooo Idade.
No começo da aula, a algazarra dentro da sala era geral. O professor não conseguia controlar a turma. Mandar para diretoria se tornou rotina. A 6° serie era a turma mais terrível de se lidar. Uma semana depois do retorno as aulas, Carlinhos havia tomado uma decisão: Aquilo tinha de acabar. Pegou a arma que viu o pai esconder em cima do armário, colocou no fundo da mochila e foi andando rumo à escola. Chegando perto, lá estavam. Pedro e a turminha de sempre. Viram-no chegando e já se entreolharam sorrindo.
- Olha quem vem lá...
Carlinhos parou próximo a Pedro, olhou bem no fundo dos olhos e disparou:
- Tomá no cu.
Pedro empurrou Carlinhos
- Tá maluco moleque?
Carlinhos deu uns passos para trás e voltou bem pertinho do agressor.
-Tomá no cu.
Pedro não entendeu a atitude de Carlinhos, que sempre ficava quieto e ressentido pelos cantos quando era esculachado. Mas ele sabia que não poderia deixar ninguém manda-lo tomar no cu. As coisas não poderiam se inverter. Como deixar aquele feioso ofendê-lo.
- Seu filho da puta, ta pensando que é o que??? - Pedro encarou, dando-lhe um murro na boca
O sinal tocou e Pedro informou a Carlinhos que as coisas se resolveriam na hora da saída. Carlinhos deu de ombros, pegou sua mochila e entrou na sala de aula. Somente ele próprio sabia dos seus planos. Quando a aula começou, olhares intrigados eram trocados pelos alunos. Todos sabiam que no final da aula, quando batesse o sinal, iria ter pancada.
Chegada a hora da saída, Pedro foi na frente, para não deixar Carlinhos escapar. A turma de Pedro ia cercando Carlinhos. Chegaram no terreno baldio onde sempre ocorriam esses acertos de contas. Pedro jogou a mochila no chão e desafiou:
- Como é moleque? Tá preparado para a surra?
Carlinhos abaixou a mochila de vagar e com um gesto repentino meteu a mão dentro. Pedro correu em sua direção prevendo que algo estava preparado para a situação. Mas, antes de alcançar seu alvo, Carlinhos puxou o 38.
- Fica longe de mim.
Pedro parou com as mãos levantadas.
- Que isso moleque? Tá maluco? Guarda isso agora.
- Não. Isso acaba hoje. E ninguém chega perto.
Todos recuaram . Pedro não sabia o que fazer com a arma apontada para seu peito. Carlinhos estava com a mão o mais firme que conseguia, mas um leve tremor que insistia em percorrer seu corpo denunciava seu estado emocional dilacerado. Os olhos cheios d'água dividiam o foco entre Pedro e as outras pessoas em volta. Passado alguns segundos, que pareciam uma eternidade, Carlinhos balbuciou:
- Isso acaba agora...
Pedro entrou em pânico, os demais recuaram mais um pouco, alguns correram para longe, as meninas viraram o rosto, Carlinhos enfiou, rapidamente, o cano da arma em sua própria boca, puxando o gatilho. O corpo desmoronou sem vida. Pedro tentava fazer muitas coisas, mas não conseguia se mover. Nesse momento, a mãe de Carlinhos entra correndo pelo terreno com um bilhete em suas mãos que dizia: "Tudo acaba hoje. Não consigo mais. Adeus."


Por: Fabio da Silva Barbosa e
Evandro Santos Pinheiro

6 comentários:

  1. é muito enteressante como oe fatos são descrevidos !
    a cho q esta na hora das pessoas se concientizarem !

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  2. Parabéns pela postagem.O Bullying nas escolas é algo constante e precisa ser acabado.Quem sabe as pessoas tomam consiência disso e divulgue essa idéia...

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  3. Conclusivo e sugestivo. Um assunto como esse é de suma importância a sociedade.E me reforça a pensar da necessidade de um acompanhamento sócio-familiar.Além de um relacionamento mais aberto entre pais e filhos um olhar construtivo de um profissional pode ajudar. Apesar da sociedade em que vivemos ser muito egocêntrica, um acompanhamento social junto ao lares seria ideal na formação de caráter de muitos cidadãos. Achei interessante e focado... Parabéns!

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  4. muito boa essa postagem se todo mundo paressem de praticar o Bullying tava baum,mas fazer oq ninguém tomá consiência disso?

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  5. cara eu gostei muito dos eu trabalho flw

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  6. Muito bom mano! Òtima postagem!

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